quinta-feira, 23 de agosto de 2007

A Acumulação de Capital - Maurice Dobb

A ACUMULAÇÃO DE CAPITAL - Maurice Dobb





Tratar da acumulação de capital como etapa essencial na gênese do capitalismo pode parecer simples, mas comporta questionamentos e há até quem defenda a inexistência dessa fase necessária. A primeira questão diz respeito ao que foi acumulado: meios de produção ou de direitos e títulos de patrimônio. Como não se tem notícia de que os primeiros capitalistas tenham juntado máquinas para depois iniciarem a produção, nos parece que a acumulação primitiva (anterior ao florescimento da produção capitalista) se refere a acumulação de valores de capital (títulos e bens acumulados inicialmente por motivos especulativos) e a concentração dessa riqueza nas mãos de uma classe produtiva. “Em outras palavras, quando se fala de acumulação em sentido histórico, deve-se fazer referência à propriedade de bens e a uma transferência de propriedade”.


A questão permanece quando consideramos que, ao se referir à “acumulação” Marx estava falando da “transferência” de capital de uma classe improdutiva para a produtiva - porque essa transferência poderia operar-se por intermédio das instituições financeiras que captam dos improdutivos e oferecem crédito à produção, o que torna questionável a imprescindibilidade da revolução social para a formação do capitalismo industrial. A solução para essa questão está na afirmação de que não só a transferência de riquezas possibilitou o capitalismo industrial. Foi necessária também uma concentração dessas riquezas em mãos muito menos numerosas. Essa concentração de riquezas não se deu somente através da compra de bens de uma classe pela nova, que assim não acumularia. Ocorreu, também, pelo financiamento dessas aquisições com poupança de renda. “Dessa suposição deriva uma série de teorias que procuram explicar a origem do capitalismo por algum enriquecimento inesperado, obtido pela burguesia nascente no período pré-capitalista, tal como a inflação de lucros devido a mudanças monetárias, aluguéis urbanos aumentados, ou à abertura repentina de algum novo canal comercial”. O método mais importante, porém, para explicar a concentração de riquezas é a aquisição de bens por preço insignificante durante as crises, realizando-os quando readquirissem alto valor, em troca de outras coisas como força de trabalho ou equipamento industrial, de valor inferior. Dessa forma a burguesia adquiria uma proporção maior da riqueza da comunidade.







Frank Eder Ferreira.
2º Periodo de Direito. PASSOS - UEMG.

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